Ele não vem.
Quando o telefone tocou e as
meninas chamaram para uma cerveja eu não pensei duas vezes – Vou em casa tomar
um banho e já desço.
Banho. Telefone. Mas que
merda... eu sempre levo o telefone pro banheiro porque é incrível, camarada,
como o treco toca quando eu ligo o chuveiro. Não levei.
Saí correndo do banheiro, já
queriam brindar e só faltava eu: - traga a câmera! – ok!
Saúde!
Feliz aniversário uhuuuuu... e
o telefone toca. Ele.
Ninguém quis acreditar quando
eu disse que tinha que voltar em casa. Pedi mais uma cerveja e pensei em ficar
nervosa. Eu realmente não sabia o que aconteceria diante as circunstâncias que
envolviam aquele encontro. Mentira. Eu sabia. Eu até imaginava. E como
imaginava.
Ele usava uma daquelas camisas
quadriculadas.
Ele deve ter umas dez camisas
dessas, cinco brancas com preto e cinco pretas com branco. Ou ele curte São
João ou é grunge. Me dei conta que eu nem sabia o que o cara gostava de ouvir.
E daí? Pensei. Eu não estou indo a nenhuma audiência de violinos.
Ele usava uma daquelas camisas
quadriculadas, jeans, tênis e mochila. Mochila. É grunge.
Fazia tempo em que eu
maquinava um plano ultra maquiavélico para levá-lo até minha cama, eram mais ou
menos treze caminhos, mas não foi por nenhum deles. Na verdade eu já tinha
desistido, não sou muito fã de tipinho meio tímido. No caso dele, tímido e
meio, mas tinha aqueles olhos azuis...putz...
Aconteceu que uma curiosa
timidez que me assola vez ou outra veio querer fazer um menáge naquele errado
momento e eu precisava agir antes que aquilo tudo virasse um fiasco. Para
mandar essa timidez pras cucuias eu sempre tento agir no oposto, tipo pedagogia
do oprimido life style.
Vou tirar a roupa. Pensei. Foi
quando ele, sentado no sofá, estendeu a mão e eu fui.
Ele me beijou bem na barriga,
embaixo do umbigo, bem aonde eu tenho um botão que aciona imediatamente um
calafrio que sobe pela minha coluna até dar um tilte na minha cabeça e me
deixar mole. Fiquei. Eu ainda disse meia dúzia de palavras que agora eu nem
lembro, mas tenho certeza de que eram bobagens; enquanto ele me beijava, fui
abaixando até alcançar sua boca, sua língua, seu gosto... a gente foi se
beijando até o quarto. Paramos na porta e eu tirei botão por botão da camisa dele, da minha blusa, tirei a saia e
deitei na cama.
Venha cá. Ele veio deitando em
cima de mim e aí sim, peguei sua mão e trouxe na minha boceta, eu já estava com
um tesão enorme naquele homem e queria que ele me lambesse todinha, foi então como
se ele lesse meus pensamentos e saiu me lambendo, me beijando, me chupando...
eu não vou esquecer aquilo.
Gozei, gozei na boca dele todo
o gozo que eu tinha dentro de mim, é nessas horas que a pessoa tem que ter
cuidado, senão apaixona. Meu corpo tremia, minhas pernas tremiam, meu peito,
minha boca tremia, eu achei graça daquilo tudo e quis mais. Claro que eu queria
mais, queria todinho em mim, de quatro
até eu gozar mais uma vez. E foi exatamente o que aconteceu.
Talvez pelo fato d’eu ter
gozado daquele jeito quando ele me chupava, talvez por causa disso, eu não
conseguia quase me mexer na cama, sentia uma lerdeza engraçada, eu balbuciava
alguma merda e rabiscava na minha cabeça o desenho dele ali deitado... seu
cabelo, seus enormes olhos cor do mar, suas tatuagens. Gostoso. Nem sei se eu
falei isso pra ele. Deixa pra lá. Ele me falou de charutos, de medalhinhas penduradas
no pescoço e disse que ia embora. Me beijou no portão e foi.
E eu nem voltei pra festa.