quarta-feira, maio 27, 2009

O problema com a chuva não é ela em si. É a força que ela exerce sobre as outras coisas da natureza.
Por exemplo: sapos.
Eu tenho horror a sapos.
E eles adoram chuva.
Eu também adoro chuva. O cheiro. A água caindo na pele.
Mas Homero já havia dito uma vez, ‘ora, não se pode agradar a gregos e a troianos’.
Mas Deus deu um jeitinho e os bichinhos só costumam sair quando a bendita acaba, então eu aprecio antes e, eles, depois. Estamos combinados. Quem descumprir a promessa é a mulher do padre.

sábado, maio 16, 2009

A Outra


Eu que era eu agora é outra.
Outra que nem mais lembrava o nome
e que chamei para tomar-me novamente a vida.
Esta outra que sou eu só ri, não chora
E gargalha com o vento
com uma brisa a qualquer hora.
Mas nada fala,
é quieta,
é muda, é morta.
Vive de sorrisos, esta coitada que é a outra
mas é que eu que era eu sou toda torta
sou toda noite, ou madrugada ou todo o dia.
Inconstância de pensamentos a toda hora
me escapulia pela boca insana, louca...
mas agora não sou mais eu, eu sou a outra.
A que só ri
E que não chora
Que é quieta
E que não grita
A que é muda
E quase morta.