Eu sempre gostei de
acertar um alvo.
Uma manga com o
chinelo. Um caju com um pedacinho de telha.
A frigideira velha com
a baladeira.
A ideia foi do meu tio
João, de pendurar a frigideira ali naquele prego.
Foi dele também a
ideia da baladeira. Quem não gostou muito foi vovó. Mandou acertar
pardal. Tinha de ruma e não fazia barulho na hora do pipoco da
pedra.
Acertar passarinho?
Jamais. Achei aquilo
tudo um horror.
Talvez, por isso, eu
não consiga definir muito bem o que sinto quando vejo uma arma.
Quero usá-la. Mirar e
acertar.
Aí eu lembro o real
motivo dele estar ali armado. É para cumprir e fazer cumprir a lei.
Para defender e oprimir. Saber o porque dele usar aquela arma me
deixa inquieta, eu ainda não achei outra palavra fora inquieta, ás
vezes penso em pavor e gostar.
Mas gostar, eu gosto
mesmo é do uniforme. Vá explicar.
Desenhei por anos
detalhes, abotoaduras, quepes, botas de marinheiros que ficavam lá
na frente da escola.
Eu poderia ficar horas
olhando ele vestido daquele jeito.
Eu poderia ficar horas,
peladinha, me deliciando, olhando ele vestido daquele jeito. Parado,
na minha frente, até eu gozar.
Chamam isso de fetiche.
Eu chamo de tesão da
porra.
Aí vem ele falar macio
no pé do meu ouvido aquela putaria toda que eu acho graça. Aí vem
ele me beijar, me lamber, cada póro meu pra que nenhum pedaço de
mim se sinta menos desejado.
Eu me perco nele, antes
dele me achar. Esta é a verdade.
O segredo é o fetiche.
Que agora nem é mais segredo. E esse lance de fetiche é tão
intenso que se toca Chico agora, se toca aquela música que dançamos
no nosso primeiro encontro, eu não consigo fazer mais nada. Eu só
penso nele.
Eu só penso em querer
ficar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço.
2 comentários:
Sei como é. Tive uma dessas. Era uma mão de obra.
Massa!
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