quarta-feira, outubro 03, 2012

Fetiche. Sim, senhor!


Eu sempre gostei de acertar um alvo.
Uma manga com o chinelo. Um caju com um pedacinho de telha.
A frigideira velha com a baladeira.
A ideia foi do meu tio João, de pendurar a frigideira ali naquele prego.
Foi dele também a ideia da baladeira. Quem não gostou muito foi vovó. Mandou acertar pardal. Tinha de ruma e não fazia barulho na hora do pipoco da pedra.
Acertar passarinho?
Jamais. Achei aquilo tudo um horror.
Talvez, por isso, eu não consiga definir muito bem o que sinto quando vejo uma arma.
Quero usá-la. Mirar e acertar.
Aí eu lembro o real motivo dele estar ali armado. É para cumprir e fazer cumprir a lei. Para defender e oprimir. Saber o porque dele usar aquela arma me deixa inquieta, eu ainda não achei outra palavra fora inquieta, ás vezes penso em pavor e gostar.
Mas gostar, eu gosto mesmo é do uniforme. Vá explicar.
Desenhei por anos detalhes, abotoaduras, quepes, botas de marinheiros que ficavam lá na frente da escola.
Eu poderia ficar horas olhando ele vestido daquele jeito.
Eu poderia ficar horas, peladinha, me deliciando, olhando ele vestido daquele jeito. Parado, na minha frente, até eu gozar.
Chamam isso de fetiche.
Eu chamo de tesão da porra.
Aí vem ele falar macio no pé do meu ouvido aquela putaria toda que eu acho graça. Aí vem ele me beijar, me lamber, cada póro meu pra que nenhum pedaço de mim se sinta menos desejado.
Eu me perco nele, antes dele me achar. Esta é a verdade.
O segredo é o fetiche. Que agora nem é mais segredo. E esse lance de fetiche é tão intenso que se toca Chico agora, se toca aquela música que dançamos no nosso primeiro encontro, eu não consigo fazer mais nada. Eu só penso nele.
Eu só penso em querer ficar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço.

2 comentários:

Jório disse...

Sei como é. Tive uma dessas. Era uma mão de obra.

Mme. S. disse...

Massa!